China e Malásia estudam projeto de porto espacial equatorial internacional

China planeja seu primeiro espaçoporto fora do país, na Malásia Projeto em Pahang poderá ampliar a capacidade de lançamentos chineses e reforçar sua presença espacial global.

A China avança na possibilidade de estabelecer seu primeiro centro de lançamentos fora de seu território, com planos para um porto espacial equatorial na Malásia. A iniciativa, além de representar um marco estratégico e econômico, também carrega implicações geopolíticas de longo alcance.

Em 15 de abril, a China Great Wall Industry Corporation (CGWIC) assinou uma carta de intenções com a Pahang State Development Corporation (PKNP) e a empresa privada malaia Lestari Angkasa Sdn Bhd, que atua no setor espacial local. O governo do estado de Pahang aprovou a realização de um estudo de viabilidade de um ano para avaliar a criação do Pahang International Spaceport, conforme reportado pelo New Straits Times.

O projeto, situado próximo à linha do Equador (entre 3° e 4° de latitude norte), permitiria lançamentos mais eficientes, aproveitando a rotação da Terra para impulsionar cargas mais pesadas com menor consumo de combustível. Estima-se que o espaçoporto gere mais de 2.000 empregos diretos e promova ganhos econômicos secundários, como incremento no turismo e pesquisa científica.

Se aprovado, o espaçoporto poderia ser concluído em três a cinco anos, segundo informações da agência estatal Bernama, citando o presidente do Comitê de Investimentos, Indústria, Ciência, Tecnologia e Inovação de Pahang, Datuk Mohamad Nizar Najib.

Em maio, uma delegação malaia visitará a Cidade Espacial de Wenchang, em Hainan, para aprofundar discussões sobre o projeto. A CGWIC, subsidiária da estatal CASC (China Aerospace Science and Technology Corporation), é a única empresa chinesa autorizada a oferecer serviços de lançamento comercial e firmar cooperação internacional no setor espacial.

Embora ainda embrionário, o Pahang International Spaceport pode aliviar gargalos na infraestrutura de lançamentos da China, hoje limitada à alta demanda. No entanto, por estar fora do território chinês, seria mais apropriado para missões civis e comerciais, e menos para operações de caráter sensível ou militar.

Para especialistas como Bleddyn Bowen, da Universidade de Durham, no Reino Unido, o projeto reforça a confiança estratégica da China na Malásia como parceira regional e demonstra a disposição chinesa de projetar sua infraestrutura espacial além de suas fronteiras. A iniciativa também pode enfrentar desafios geográficos, como coordenação de rotas aéreas, marítimas e o sobrevoo de países vizinhos, especialmente a Indonésia.

O espaçoporto seria o primeiro do Sudeste Asiático, num momento em que a região vê movimentações espaciais crescentes, incluindo a Indonésia.

Durante a recente visita de Estado do presidente Xi Jinping à Malásia (15 a 17 de abril), ambos os países emitiram uma declaração conjunta reafirmando o compromisso de fortalecer a cooperação espacial e expandir a economia espacial em benefício mútuo.

Atualmente, a China vem aumentando sua frequência de lançamentos de forma acelerada — de 19 lançamentos em 2015 para 68 em 2024 —, mas ainda abaixo da meta nacional de 100 lançamentos por ano. Para atender a essa crescente demanda, novas plataformas estão sendo desenvolvidas em Wenchang, e há propostas de portos espaciais adicionais, tanto para missões comerciais quanto para futuras missões lunares tripuladas.

Vale lembrar que, em 2023, o Grupo de Tecnologia Aeroespacial de Hong Kong (HKATG) tentou firmar um acordo similar com Djibuti para operar um espaçoporto, mas o memorando de entendimento expirou sem avanços concretos.

Se concretizado, o Pahang International Spaceport poderá simbolizar uma nova era da presença global da China na corrida espacial.

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