A China realizou o teste de altitude zero, ou pad abort, em 17 de junho no Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no deserto de Gobi. Um comando de ignição foi emitido às 01h30 no horário de brasília (12h30, no horário de Pequim), acionando os motores de propelente sólido do sistema de escape da espaçonave Mengzhou, disse a agência de voos espaciais tripulados da China (CMSA) em um comunicado.
Imagens do teste mostram o sistema de escape impulsionando rapidamente a espaçonave para longe do solo. Cerca de 20 segundos depois, o veículo atingiu uma altitude predeterminada. A cápsula se separou da torre de escape e seus paraquedas foram implantados com sucesso.
A cápsula pousou com segurança na zona de teste designada usando um sistema de amortecimento de airbag às 12h32, marcando o teste como um sucesso total, afirmou o comunicado.
O teste foi projetado para verificar os sistemas necessários para afastar os astronautas do módulo da tripulação de seu foguete em uma situação de emergência. O teste é um marco para os planos do país de colocar astronautas na Lua até 2030.
A China está planejando realizar um teste de escape em voo com pressão dinâmica máxima (também chamado de In Flight Abort Test, ou Teste de Abortagem em Voo) no final do ano. O CMSA não declarou quando o último teste ocorrerá. Também não se sabe se o teste será realizado em Jiuquan ou no espaçoporto costeiro de Wenchang.
É possível que a China possa usar um Longa Marcha 5B ou um foguete de teste construído especificamente para simular o pouso e a recuperação de Wenchang, a partir do qual futuras missões lunares tripuladas serão lançadas.
Este é o primeiro teste desse tipo na China desde o teste de abortagem da espaçonave Shenzhou em 1998, de acordo com o CMSA.
De acordo com a agência, Mengzhou muda do modelo tradicional de “foguete lida com aborto, espaçonave lida com resgate de tripulação”, como usado pela Shenzhou, para um sistema em que a espaçonave Mengzhou assume total responsabilidade pelo controle de aborto e pela segurança da tripulação.
A NASA realizou um teste de aborto de almofada para o veículo da tripulação Orion no White Sands Missile Range do Exército dos EUA em 2010.
Mengzhou: o novo veículo de tripulação da China
O Mengzhou (“nave dos sonhos”) de dois módulos tem um design modular e virá em duas variantes: uma para órbita terrestre baixa (LEO) e outra para missões lunares tripuladas. A versão LEO parcialmente reutilizável poderia transportar até sete astronautas para a estação espacial Tiangong, ou menos astronautas e até 500 quilos de carga. A variante da lua, com uma massa de até 26.000 kg, transportará três astronautas para a órbita lunar e atracará lá com um módulo de pouso lançado separadamente.
Em 2020, a China lançou uma versão padronizada de Mengzhou, então chamada simplesmente de “espaçonave tripulada de próxima geração”, em um voo de teste do foguete Longa Marcha 5B, testando uma reentrada em alta velocidade.
A CMSA diz que a espaçonave Mengzhou se tornará o principal veículo da tripulação para operações da estação espacial e missões de exploração lunar.
“O sucesso deste teste estabelece uma base técnica importante para futuras missões lunares tripuladas”, dizia o comunicado do CMSA. “O trabalho de desenvolvimento em espaçonaves relacionadas, como o veículo de lançamento Longa Marcha 10 e o módulo lunar, está progredindo de forma constante e prosseguirá para testes adicionais conforme programado.”
O Longa Marcha 10 usa três estágios centrais de 5,0 metros de diâmetro alimentados por motores de oxigênio líquido de querosene YF-100K, com base no desenvolvimento do Longa Marcha 5. Suas instalações de lançamento estão sendo construídas em Wenchang, na ilha de Hainan.
Imagens do teste:
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