O veterano astronauta da NASA, Don Pettit, recém-retornado da Estação Espacial Internacional (ISS), acredita que a instalação orbital pode seguir operando bem além da data prevista para sua aposentadoria em 2030 — e afirma que não recusaria mais uma viagem para lá.
Pettit voltou à Terra no dia 19 de abril (horário dos EUA) a bordo de uma espaçonave Soyuz, completando sua terceira missão de longa duração na ISS. Com 220 dias somados nesse último voo, ele acumula agora 590 dias totais em órbita, ficando atrás apenas de Peggy Whitson e Suni Williams entre os astronautas norte-americanos.
Sua experiência no laboratório orbital abrange três expedições em momentos distintos de sua vida útil: 2002–2003, 2011–2012 e 2024–2025. Ele lembra que, em sua primeira missão, a estação ainda estava em construção.
“Era como viver em uma casa enquanto ela ainda está sendo construída,” comentou Pettit em coletiva de imprensa no dia 28 de abril. “A NASA ainda aprendia a operar a estação naquela época.”
Hoje, ele afirma, a ISS é uma máquina “bem lubrificada”, com operações altamente eficientes para manter sete tripulantes trabalhando continuamente em atividades científicas e de manutenção.
Apesar dos planos da NASA de desativar a ISS até o final da década, em favor de estações comerciais, Pettit argumenta que não existe necessidade técnica para encerrar sua operação.
“Não precisamos jogá-la no oceano em 2030 se não quisermos,” disse, comparando a longevidade potencial da estação à do bombardeiro B-52, que continua em serviço décadas após sua produção ter sido encerrada.
Para ele, o principal obstáculo não é técnico, mas político e financeiro.
“Podemos manter a estação funcionando pelo tempo que desejarmos, desde que haja vontade de reformá-la e recursos para isso,” afirmou, citando as atualizações contínuas dos painéis solares como exemplo de manutenção bem-sucedida.
No entanto, sua visão entra em choque com preocupações recentes do Painel Consultivo de Segurança Aeroespacial da NASA, que alerta para riscos crescentes à medida que a estrutura envelhece. O painel cita rachaduras em módulos russos e incertezas sobre o processo de desativação como pontos críticos.
Além disso, o desejo de prolongar a vida da ISS também colide com a estratégia da agência e da indústria de promover o surgimento de estações comerciais privadas, que dependem de uma data clara de transição para atraírem investimentos.
Sobre sua recuperação física, Pettit admitiu que o retorno à gravidade da Terra foi difícil:
“Não parecia muito bem porque não estava me sentindo muito bem,” disse, mencionando náuseas severas logo após o pouso. Para ele, esse desafio físico sempre fez parte da volta, mas confia nos protocolos médicos para a plena recuperação.
Aos 70 anos recém completados em 20 de abril, Don Pettit afirmou não ter planos de aposentadoria:
“Estou pronto para voar de novo quando os médicos disserem que estou apto,” declarou, acrescentando com entusiasmo: “Ainda tenho mais alguns bons anos. Vejo a possibilidade de mais um ou dois voos.”
Fonte: Space News
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