Há exatos 22 anos, o Brasil vivenciou um dos momentos mais sombrios de sua trajetória no espaço. No dia 22 de agosto de 2003, às 13h26 (horário de Brasília), o VLS-1 V03, o terceiro protótipo do veículo lançador de satélites desenvolvido no país, foi destruído por uma ignição prematura enquanto se encontrava na plataforma de lançamento do Centro de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão.

A Operação São Luís, que visava colocar em órbita equatorial o microssatélite meteorológico SATEC (INPE) e o nanosatélite UNOSAT (Universidade do Norte do Paraná), terminou em tragédia. A explosão provocou a morte de 21 técnicos, engenheiros e cientistas, enquanto a plataforma e a torre de integração foram totalmente destruídas.
Testemunhas relataram o acionamento de um motor fora de hora, seguido por múltiplas explosões e uma onda de fogo que envolveu a torre em segundos. A fumaça e o calor, estimado em 3.000 °C, consumiram rapidamente a instalação, que permaneceu de pé apenas por cinco minutos.
A investigação oficial, conduzida por autoridades brasileiras com colaboração técnica da Rússia, concluiu que o incidente foi ocasionado por uma ignição não planejada do propulsor A, possivelmente desencadeada por descargas eletrostáticas, apesar da ausência de condições meteorológicas adversas. No mês seguinte, foi aprovada indenização às famílias das vítimas pela Câmara dos Deputados brasileira, porém anos depois a União ainda luta para não pagar as indenizações e até exige na justiça parte do dinheiro pago de volta.
A tragédia paralisou temporariamente o programa espacial brasileiro, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse: “o país não desistiria de sua ambição aeroespacial” porém desde então o programa espacial tem cortes consecutivos de orçamento e perda de pessoal, seja com aposentadorias ou com pessoas indo para o exterior.

O Centro Espacial de Alcântara permanece como estratégica base de lançamentos, graças à sua localização privilegiada próxima à linha do Equador, mas o acidente deixou um legado indelével de alerta sobre segurança, inovações e continuidade do programa espacial nacional, desde a assinatura do Acordo de Salvaguardas, muito se fala sobre a Base ter sido entregue aos EUA, o que não é verdade, ainda hoje é um espaçoporto importante para o país e deve ser bastante utilizada pelo projeto ML-BR, e talvez pelo VLM agora que a Avibrás voltou das cinzas, e com o lançamento definitivo desses projetos consolidamos nosso desenvolvimento científico e honramos aqueles que se foram.
Hoje, lembramos com respeito e reconhecimento aqueles que perderam suas vidas pela ambição de elevar o Brasil ao espaço. Sua memória está presente em cada avanço e em cada nova missão que nasce no país.
Não há forma melhor para honrar aqueles que se foram do que terminar a missão que eles começaram!
Em memória:
Amintas Rocha Brito, 47, engenheiro
Antonio Sergio Cezarini, 47, engenheiro
Carlos Alberto Pedrini, 45, engenheiro
Cesar Augusto Costalonga Varejão, 49, engenheiro
Daniel Faria Gonçalves, 20, mecânico
Eliseu Reinaldo Vieira, 46, engenheiro
Gil Cesar Baptista Marques, 44, cinegrafista
Gines Ananias Garcia, 46, engenheiro
Jonas Barbosa Filho, 37, técnico
José Aparecido Pinheiro, 39, técnico
José Eduardo de Almeida, 38, cinegrafista
José Eduardo Pereira II, 43, técnico
José Pedro Claro da Silva, 51, engenheiro
Luis Primon de Araújo, 45, engenheiro
Mario Cesar de Freitas Levy, 43, Engenheiro
Massanobu Shimabukuro, 43, técnico
Mauricio Biella Valle, 42, engenheiro
Roberto Tadashi Seguchi, 46, engenheiro
Rodolfo Donizetti de Oliveira, 35, técnico
Sidney Aparecido de Moraes, 38, técnico
Walter Pereira Junior, 45, técnico

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