Durante a SpaceBR Show 2025, entrevistamos o representante comercial da PlasmaHub, empresa parte do arranjo empresarial do projeto ML-BR, que busca desenvolver foguetes lançadores com tecnologia 100% nacional. Na conversa, ele revelou os planos ousados da empresa.
Leia a entrevista completa e entenda como o ML-BR pode colocar o país na nova corrida espacial; com ciência, inovação e uma dose de ousadia.
Primeiramente o editor da Revista pediu para que ele se apresentasse
CARLOS, Representante Comercial da PlasmaHub: Olá, […] sou Carlos, sou representante da área comercial da PlasmaHub… A PlasmaHub é uma empresa que faz parte do arranjo empresarial conhecido como ML-BR, que é o Microlançador Brasileiro, que o objetivo é lançar em uma orbita baixa de 450 quilômetros, micro e nano satélites, através do Centro de Lançamentos de Alcântara, lá no Maranhão. Nós somos parte desse arranjo que venceu um edital de Subvenção Econômica da FINEP e nossas perspectivas é que até o final de 2026 a gente consiga fazer o lançamento de dois foguetes, objetivando a missão que eu expliquei, de 450km de orbita e uma carga paga de no mínimo 5 quilos, na verdade a gente não almeja mais essa carga de 5kg, na verdade a gente está partindo para cargas maiores de 35 a 40kg, que trás um apelo comercial maior
RFB: No caso 5Kg é só a base do edital da Finep?
CARLOS: Isso mesmo, é o requisito da FINEP
RFB: Como foi que se chegou a união dessas empresas em específico? Como foi para reunir toda essa equipe?
CARLOS: A CENIC é a empresa líder desse arranjo, a empresa já tem uma experiencia comprovada nessa parte de espaço, na parte de motores, na propulsão dos foguetes, inclusive muitos trabalharam no projeto do VLS, lá no fim dos anos 90 e começo dos anos 2000, e eles tem um vasto networking em São José Dos Campos, então eles conseguiram, com base no que eles trabalham e no que faltaria para complementar o projeto e achar as empresas adequadas e as pessoas adequadas para que conseguisse formar esse arranjo, e ter todas as tecnologias necessárias em casa
RFB: Quais são os grandes testes e grandes marcos que estão por vir agora?
CARLOS: No mundo da gestão de projetos nós temos algumas fases importantes, a fase inicial, que fase em que você coleta os requisitos e você trabalha esses requisitos, depois você tem uma fase de desenvolvimento preliminar desses requisitos e depois você tem uma fase que a gente chama de desenvolvimento crítico, que o momento em que você praticamente congela os seus desenvolvimentos, até uns 80, 85% e a partir dali você refina o projeto, hoje a gente avançou dessa fase, que a gente chama de CDR, que é Critical Design Review, e a gente está na parte de definição um pouco fina […] a maior massa de desenvolvimento já aconteceu
“Leia aqui: Após revisão final de projeto, o ML-BR finalmente começará a ser construído
CARLOS: O que nós temos agora de marcos interessantes, que são aquelas coisas que a gente pode ver que vai acontecer: A gente terá em parceria com uma empresa Sul-Coreana, ela vai lançar agora em Alcântara um veículo, e nesse veículo a gente vai colocar alguns equipamentos para validar se esses equipamentos tem condições ambientais de suportar a demanda do espaço, então esse já vai ser um desenvolvimento interessante. E outros pontos importantes do projeto, como os testes estáticos dos foguetes, dos propulsores, essa é uma fase muito importante que a gente imagina que aconteça no meio do ano que vem também, e o lançamento do foguete no final de 2026.
RFB: Para você como diretor comercial, qual é a perspectiva para com o ML-BR no mercado de lançadores?
CARLOS: Muito bom, essa história de que Alcântara, que o Centro de Lançamentos de Alcântara é o melhor centro de lançamentos do mundo não é história de brasileiro querendo levar vantagem não, é de fato o melhor ponto de lançamento na terra para esse tipo de missão, então esse projeto comercialmente leva o nome de Alcântara para o mundo como uma opção para qualquer país que queira fazer um lançamento aqui no Brasil, e também no nosso projeto como a vertente comercial, a ideia é que essas cargas pagas sejam satélites de empresas nacionais ou empresas internacionais e com isso o Brasil seja beneficiado comercialmente com esse tipo de lançamento também, então são dois ganhos, o do Centro de Lançamentos de Alcântara, que é do governo e a plataforma que vai lançar os satélites, e isso viria pro arranjo como um grande ganho também.
RFB: Com a perspectiva de lançamento em 2026 vocês planejam alguma carga útil especial? Como será um voo de testes e de validação, a primeira coisa que vem a mente é o memorável lançamento do Falcon Heavy que lançou um carro, então vocês planejam algo especial assim? Um lançamento de uma carga educacional, ou como teve com o VS-30 ano passado que levou cartas de crianças, qual a expectativa em relação a isso?
CARLOS: Hoje estamos conversando com empresas mesmo, interessadas em ter seus satélites lá, é um momento que a gente vê como simbólico por ser o início de um processo com uma carga paga pra valer, então tivemos conversas com empresas que tem o interesse de ter o seu satélite de verdade operacional no espaço, essa é a nossa intenção.
Podemos resumir a entrevista em pontos:
- No meio de 2026 teremos os testes estáticos dos motores do foguete
- No final do mesmo ano já serão os dois lançamentos de validação do mesmo
- A primeira carga útil será comercial como forma de simbolizar a exploração privada do espaço no Brasil
São prazos muito otimistas, porém é de se levar em consideração que o ML-BR é baseado em tecnologias já estabelecidas no Brasil, e é um projeto bem mais simples que o VLS por exemplo, o que facilita seu desenvolvimento veloz.
A Revista Foguetes Brasileiros agradece ao Diretor Comercial Carlos, da Plasma Hub por se prontificar a responder as questões durante o período corrido do evento da SpaceBR Show!

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