Ontem (26/11), um dos lançamentos de foguetes mais esperados do ano aconteceu no centro espacial Esrange da SSC, localizado acima do Círculo Polar Ártico, no norte da Suécia. O SubOrbital Express-4, transportando seis projetos científicos de diversos países, ofereceu uma oportunidade única para experimentos em microgravidade, abrangendo áreas como medicina, transição energética e estudos sobre a origem da vida.
Às 6h (horário local), o foguete brasileiro VSB-30, operando na missão MASER 16 (SubOrbital Express-4 – S1X4), alcançou uma altitude de 256 quilômetros. Nesse cenário, os seis experimentos a bordo foram realizados durante seis minutos de microgravidade. Após mais de dois anos de preparação, cientistas dos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Holanda, Finlândia e Suécia celebraram o sucesso do lançamento e o avanço de suas pesquisas.
Os experimentos incluíram estudos sobre o sistema imunológico humano, o desenvolvimento de células solares mais eficientes para energia limpa e investigações sobre partículas que podem desvendar segredos do início do universo. Após o voo, a carga útil foi rapidamente localizada e está sendo recuperada por helicóptero.
“Nosso programa de foguetes suborbitais, o SubOrbital Express, proporciona a pesquisadores, cientistas e empresas comerciais acesso rápido e fácil às condições de microgravidade no espaço. Temos orgulho de anunciar mais um lançamento bem-sucedido e de contribuir para o avanço desses projetos científicos tão importantes. Os benefícios futuros dessas descobertas podem ser imensuráveis”, declarou Charlotta Sund, CEO da SSC.
Daniel Neuenschwander, Diretor de Exploração Humana e Robótica da Agência Espacial Europeia (ESA), também destacou a relevância do evento: “Estou empolgado em ver a ESA apoiando três experimentos a bordo do SubOrbital Express, incluindo um em ciência biológica e dois em ciência física. O Esrange, como campo de testes, tem grande potencial para atividades futuras de exploração, e estou ansioso para aprofundar a cooperação.”
VSB-30 | S1X4/M14
Missão | Suborbital Express 4 – Maser 16 (S1X4/M16) |
Foguete | VSB-30 |
Operador | Corporação Sueca de Espaço / Agencia Espacial Alemã |
Fabricante | Instituto de Aeronáutica e Espaço |
Número de Voo do Foguete | Desconhecido |
Data de Lançamento | 26 de Novembro de 2025 |
Hora de Lançamento | 02:00 (Horário de Brasilia) | 06:00 Horário Local |
Apogeu | 256 Km |
Tempo de Voo | Não Divulgado |
Tempo em Microgravidade | 6 Minutos |
Massa da Carga Útil | 409Kg |
Local de Lançamento | Esrange Space Center (ESC) – Kiruna (Suécia) |
Resultado | Sucesso Total |
Experimentos Realizados:
As missões MASER são de testes de engenharia de materiais, para novas tecnologias a serem usadas no espaço, como parte da MASER foi lançado o seguinte experimento:
LiFiCo: Este experimento de química física investigou técnicas aprimoradas para células solares.
Intitulado “Revestimento de filme líquido e secagem sob condições de microgravidade em sistemas relevantes para células solares orgânicas”, este experimento investigou a microestrutura produzida durante o revestimento líquido, que é um dos principais fatores para a eficiência do produto final. Um substrato de vidro foi revestido com uma solução orgânica, mergulhando o substrato no líquido durante condições de microgravidade. O resultado deste procedimento fornecerá aos cientistas valiosas informações sobre como produzir células solares mais eficientes. O projeto foi conduzido pela Universidade de Karlstad, na Suécia, com financiamento da Agência Espacial Europeia (ESA), e o sistema foi desenvolvido pela SSC.
Além disso foi lançado no mesmo foguete a missão Suborbital Express 4, onde qualquer entidade pode contratar a SSC para realizar um lançamento, nessa missão estiveram os seguintes experimentos:
MicACTin: Este experimento de células-tronco em ciências da vida investigou como o sistema imunológico é afetado por condições de microgravidade.
Com o nome completo “Células T em microgravidade: Microscopia de alta resolução e perfilagem profunda de expressão gênica para encontrar o gravissensor das células T”, este experimento focou em entender como a microgravidade afeta as células T, um componente crucial do sistema imunológico. Essa pesquisa é particularmente relevante para astronautas expostos à gravidade zero, o que pode prejudicar sua função imunológica. No entanto, o entendimento completo desse processo também ajudará os cientistas a desenvolver ferramentas e tratamentos para desencadear uma ativação adequada do sistema imunológico para qualquer pessoa. O sistema do experimento exporá 32 cassetes experimentais à microgravidade e outras 16 cassetes a 1-g por meio de uma centrífuga, fornecendo um conjunto de referência para comparação. O projeto foi conduzido pelo Karolinska Institutet (KI) na Suécia, com financiamento da Agência Espacial Europeia (ESA), e o sistema foi desenvolvido pela SSC em conjunto com a Sioux Technologies.
DUST-II: Este experimento investigou como minúsculos grãos de poeira se formam e crescem no espaço.
Com o nome completo de “Determinando Características Desconhecidas, mas Significativas”, este experimento levou um laboratório em miniatura para o espaço para simular como os pequenos grãos de poeira se formam e crescem. No entanto, exatamente como os grãos de poeira se formam e crescem depende de muitos fatores diferentes, portanto, o experimento foi projetado para estudar quais fatores são mais importantes. A pesquisa poderá ajudar a entender eventos astronômicos distantes, incluindo estrelas gigantes, sistemas planetários recém-formados e as atmosferas de planetas em sistemas solares alienígenas ao redor de outras estrelas. Também pode ajudar os cientistas aqui na Terra a obter melhor controle sobre nanopartículas em diversos campos de estudo, incluindo energia solar, catálise química, sensores e nanomedicina. O projeto foi conduzido de forma colaborativa pela Universidade de Hokkaido no Japão e pela Universidade de Braunschweig na Alemanha, com financiamento da Agência Espacial Japonesa (JAXA) e da Agência Espacial Alemã (DLR). O experimento foi desenvolvido pela Universidade de Hokkaido, e o sistema de aviônicos e a implementação foram realizados pela SSC.
JACKS: De nebulosas cósmicas aos anéis de Saturno, e até mesmo tempestades de poeira na Terra, os gases granulares estão por toda parte. O experimento JACKS, ao utilizar hexápodes saltitantes em um volume confinado, investigou como eles se comportam.
Com o nome completo de “Gases granulares compostos por partículas complexas”, este experimento explorou o comportamento dos gases granulares que possuem formas de grãos mais complexas do que as esferas convencionalmente estudadas. Esta área de pesquisa possui uma enorme importância científica e prática, podendo avançar nossa compreensão sobre física, engenharia e até mesmo exploração espacial. De certa forma, trata-se das fases posteriores das aglomerações de poeira exploradas no Dust-II. Na astronomia e cosmologia, entender o comportamento de sistemas granulares lança luz sobre a formação e dinâmica de corpos celestes, como asteroides, cometas, planetesimais e anéis planetários. Pode-se aprender muito sobre a forma como esses objetos evoluem e interagem, como a dissipação de energia, bem como os mecanismos de transferência de energia e calor, com implicações múltiplas para o design de aplicações eficientes na Terra e no espaço. O projeto foi conduzido pela Universidade de Ciências Aplicadas de Brandemburgo (THB) e pela Universidade Otto von Guericke de Magdeburgo (OvGU) na Alemanha, com financiamento da Agência Espacial Europeia (ESA) e da DLR. O sistema foi desenvolvido na OvGU e construído pela Airbus Defence and Space.
BFS: Fucus vesiculosus, também conhecido como bladderwrack, é uma macroalga marrom perene comum tanto nas costas com maré do Atlântico Norte quanto no Mar Báltico, onde se adaptou a condições de baixa salinidade e sem maré ao longo dos últimos 7.000 anos. Ela se reproduz por meio de uma liberação sincronizada de ovos e espermatozoides na água, onde ocorre a fertilização.
No início dos anos 1990, foi descoberto que o ciclo reprodutivo parece estar ligado à lua cheia e à lua nova. Embora seja fácil para a alga marinha do Oceano Atlântico acompanhar os ciclos lunares, pois estão relacionados com as marés, ainda é um mistério para a comunidade científica como o bladderwrack no Mar Báltico sincroniza sua reprodução com o ciclo lunar, já que este mar não possui marés. Com o nome completo de “Baltic Fucus in Space”, este experimento de microgravidade acomodou amostras de tecido de Fucus em 16 tubos contendo água salobra, mantendo-os em um regime controlado de luz dia-noite. Será que esse mistério intrigante será desvendado? O projeto foi conduzido pelo Stockholm University Baltic Sea Centre na Suécia. O sistema foi desenvolvido de forma colaborativa pela University of Gothenburg e o Stockholm University Baltic Sea Centre. A análise de RNA será realizada em colaboração com a Helsinki University.
TATTS: Este experimento teve como objetivo capturar um vídeo do comportamento da água em um ambiente de microgravidade.
O experimento continha uma câmera de vídeo e uma fonte de luz, alimentadas por um sistema independente. O projeto foi conduzido pela Universidade de Linköping, na Suécia. O sistema foi desenvolvido de forma colaborativa pela Universidade de Linköping, na Suécia, e pela Universidade do Colorado, em Colorado Springs, EUA.
Instituições Envolvidas
ESA – Agência Espacial Europeia
DLR – Centro Aeroespacial Alemão
DLR MORADA – Base Móvel de Mísseis do DLR
SSC – Swedish Space Corporation (Suécia)
KI – Karolinska Institutet (Suécia)
KU – Universidade de Karlstad (Suécia)
HU – Universidade de Hokkaido (Japão)
BU – Universidade de Braunschweig (Alemanha)
THB – Universidade de Ciências Aplicadas de Brandemburgo (Alemanha)
OvGU – Universidade Otto von Guericke de Magdeburgo (Alemanha)
SUBSC – Stockholm University Baltic Sea Centre (Suécia)
GU – Universidade de Gothenburg (Suécia)
HU – Universidade de Helsinki (Finlândia)
LU – Universidade de Linköping (Suécia)
CU – Universidade do Colorado (EUA)
ST – Sioux Technologies (Holanda)
ADS – Airbus Defence and Space (Europa)
FABRICANTE DO FOGUETE:
IAE – Instituto de Aeronáutica e Espaço
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