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Ministério da Defesa anuncia novo PESE e uma serie de promessas

O equivalente militar ao PNAE é divulgado pelo Ministério da Defesa no Diário Oficial da União

No dia 8 de outubro de 2025 foi divulgado pelo Ministério da Defesa o novo PESE, Programa Estratégico de Sistemas Espaciais, equivalente militar ao PNAE, ele é um documento que serve como o norte que a parte militar do Programa Espacial Brasileiro, nesse documento houve uma série de anúncios de projetos considerados essenciais pra defesa nacional no espaço.

Programa VLM e Família VLX

O desenvolvimento do VLM está muito atrasado, em parte graças a situação econômica complicada da Avibrás, sendo que hoje esse projeto está congelado, efetivamente em um limbo, para contornar isso a AEB e a FINEP lançaram o edital do VLPP que deu R$ 190 milhões para o desenvolvimento do ML-BR, para substituir o VLM e o IEAv também se juntou a FINEP e criou o edital do veículo acelerador hipersônico, onde a MecJee venceu e está desenvolvendo o foguete RATO que deve substituir o VS-50, mas a FAB não quer ficar sem seu veículo lançador próprio, então mesmo com o programa congelado e o motor que falta ser entregue para o último de queima estática estando quase finalizado e mofando na fabrica parada da Avibrás esse projeto segue ativo no papel. (Diferente do que algumas fontes falaram o projeto não foi transferido para a MecJee, ele segue sendo do IAE e o DLR da Alemanha e fabricado pela Avibrás, por mais que a empresa esteja fechada.)

Segundo consta no documento, a Família VLX será formada por 4 veículos, todos baseados no motor-foguete de combustível sólido S-50:

  • VS-50
    • Foguete suborbital de 2 estágios
    • 1,46 Metros de Diâmetro
    • 12 Metros de Altura
    • Primeiro Estágio: Motor S-50 com cerca de 450kN de empuxo
    • Segundo Estágio: Motor S-44 com cerca de 33kN de empuxo
  • VLM-1
    • Foguete Orbital de 3 estágios
    • 1,46 Metros de Diâmetro
    • 19 Metros de Altura
    • Primeiro Estágio: Motor S-50 com cerca de 450kN de empuxo
    • Segundo Estágio: Motor S-50 com cerca de 450kN de empuxo porém com uma tubeira modificada para o vácuo
    • Terceiro Estágio: Motor S-44 com cerca de 33kN de empuxo
    • Capacidade de 30Kg em uma orbita equatorial de 300 km
  • VLX-1
    • Foguete Orbital
    • 1,46 Metros de Diâmetro
    • Altura desconhecida
    • Número de estágios desconhecida
    • Capacidade de 500Kg em uma orbita equatorial de 300 km
    • Será 100% sólido
  • VLX-2
    • Foguete Orbital
    • 1,46 Metros de Diâmetro
    • Altura desconhecida
    • Número de estágios desconhecida
    • Capacidade de 500Kg em uma orbita polar
    • Terá um estágio superior liquido baseado no motor L-25

No documento também consta uma série de tecnologias secundárias e essenciais pro programa VLX

1) O projeto SISNAC – Sistema de Navegação e Controle – consiste no desenvolvimento de um sistema de navegação, guiamento e controle essencial para a navegação autônoma de veículos espaciais, buscando a independência tecnológica em relação a esse tipo de sistema.

2) O projeto MFPL – Motor-Foguete a Propulsão Líquida – consiste no desenvolvimento de um motor baseado em etanol e oxigênio líquido. Esse tipo de motor permite maior precisão que os motores a propelentes sólidos na fase de inserção em órbita, de modo que o produto almejado, o motor L25, substituirá o motor S44 nas versões posteriores do veículo.

3) O projeto ATHINAD busca o desenvolvimento de um sistema de atuação de tubeira móvel para foguetes, também conhecido como sistema de atuação de tubeira vetorial (TVC – Thrust Vector Control). Trata-se de um mecanismo que permite ajustar a direção do jato de escape do motor do foguete, sendo essencial para o controle de atitude e trajetória de veículo lançadores durante o voo.

Novos centros de lançamento

Com os limites de Alcântara estabelecidos sendo que qualquer expansão está proibida por causa do acordo com os quilombolas, o CLA fica limitado a um tamanho específico de foguetes que podem ser lançados de lá, e o Centro de Lançamentos da Barreira do Inferno também sofre de problemas com a vizinhança, pois a cidade cresceu para muito próximo a base, então a segurança operacional fica comprometida, com isso foi anunciado no PESE a intenção de construir múltiplos centros de lançamento ao longo da costa do Brasil.

“A vasta extensão litorânea do Brasil possibilita a instalação de centros de lançamento em diversos pontos. A proximidade à linha do equador é um grande trunfo para lançamentos visando a órbitas equatoriais. Outros pontos do território nacional possuem características desejáveis para lançamentos inclinados e polares. Dessa maneira, o estudo para a criação de novos centros de lançamento é um projeto contínuo do PESE.”

Conforme consta na portaria que cria o novo PESE

Satélites

Também foi anunciado uma série de projetos de satélites militares além de citar projetos já existentes:

a) Sistema de Observação da Terra por Sensores Ópticos (OBOPT)

O sistema deverá ser capaz de fornecer imagens ópticas em alta resolução, com alta revisita. Atualmente, tal capacidade é atendida por meio de contratos com empresas multinacionais.

b) Sistema de Observação da Terra por Sensores Radar (OBSAR)

Esse sistema está em operação, com os satélites Carcará 3 e 4, lançados em 2024. Com observação por meio de radar de abertura sintética (SAR). Como característica de sistemas que operam em órbita baixa, sua vida útil é de cerca de 03 anos.

c) Sistema de Satélites de Defesa e Comunicações Estratégicas (SSDC)

O SGDC-1 está em operação desde o ano de 2017, fornecendo comunicação e internet para civis e militares (capacidade X). Para dar continuidade ao seu serviço, são consideradas as possibilidades de um segundo satélite geoestacionário – SGDC-2 – ou mesmo uma constelação de satélites em órbitas mais baixas, perfazendo, dessa maneira, um SSDC. O Brasil já possui reservado com os órgãos internacionais a órbita para o SGDC-2.

d) Sistema de Comunicações Táticas de Órbita Baixa (COMLEO)

Para expandir a capacidade X no campo tático, está planejado um sistema de comunicações táticas de órbita baixa. Esse sistema seria capaz de fornecer comunicação rápida e segura para as forças militares em locais remotos. Encontra-se em revisão de requisitos para futura implantação.

Cooperação entre instituições

Também consta as cooperações entre instituições civis e militares, nacionais e estrangeiras conforme listado no documento:

Um exemplo de parceria ocorre com o INPE, tanto no aspecto do desenvolvimento da Plataforma Multimissão (PMM), pertencente ao escopo do PNAE, e que pode contribuir com o desenvolvimento de diversos satélites de uso dual, quanto no campo de pesquisas de clima espacial.

Para o desenvolvimento de diversas tecnologias necessárias aos veículos de lançamento, o Brasil, por meio do DCTA, também firmou parceria com centros de pesquisa internacionais. Seu propósito é acelerar a obtenção desses veículos, porém também dar ao Brasil a capacidade de desenvolver seus próprios componentes no futuro. Cabe ressaltar também as atividades de fomento realizadas pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para o desenvolvimento de satélites e veículos lançadores, que estimulam a indústria nacional e possuem o mesmo objetivo.

Da mesma forma, O DCTA, por meio do ITA, tem desempenhado um papel significativo em diversas parcerias com outros atores do setor espacial, destacando-se os Acordos Artemis e a missão ITASAT-2. Os Acordos Artemis visam a promover a participação de diversos países no Programa Artemis, uma coalizão global que inclui o Brasil, signatário do acordo desde 15 de junho de 2021. O objetivo principal desse programa é explorar a Lua de forma segura e sustentável, enquanto se enfrentam os desafios de viver e trabalhar em outros corpos celestes. Os acordos estabelecem uma visão conjunta de regras baseadas no Tratado do Espaço Exterior de 1967, criando um ambiente de pesquisa.

No contexto desses acordos, a missão SelenITA é uma iniciativa do ITA com o objetivo de caracterizar o plasma da superfície lunar, analisar o ambiente de poeira e identificar os riscos associados aos sistemas instalados na Lua. Utilizando um CubeSat desenvolvido pelo ITA em parceria também com a AEB, e um pacote de experimentos de superfície, a missão contribui diretamente para a exploração lunar no âmbito do Programa Artemis, ao mesmo tempo em que avança o conhecimento científico sobre a geologia e os processos que ocorrem na Lua.

Já a missão ITASAT-2 consiste em um conjunto de três CubeSats, gerenciados pelo ITA, e que operarão em conjunto para monitorar o clima espacial, realizar estudos da ionosfera e de geolocalização, dando continuidade ao trabalho iniciado pela missão SPORT, com instrumentos de monitoramento mais avançados. Além disso, a missão tem como objetivo monitorar embarcações não colaborativas na região do Atlântico Sul, com destaque para a Amazônia Azul, em apoio às iniciativas do Programa SisGAAz da Marinha do Brasil.

Balde de água fria

Após essa sequencia de promessas o documento cita que não possui fundos o suficiente para todos os projetos e cita a ALADA como alternativa para driblar isso, sem deixar claro como isso poderia ser feito.

O PESE é um documento interessante e completo e seria o ideal que um país precisa para ter sua autonomia espacial, mas infelizmente a situação orçamentária e política do Brasil fazem desse documento mas uma lista de sonhos tal qual o PNAE e que possivelmente nunca serão realizados em sua totalidade

Uma resposta para “Ministério da Defesa anuncia novo PESE e uma serie de promessas”

  1. Avatar de Alberto Betzler

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