Avibras perdendo o “Bras” – Empresa pode ser desmantelada e vendida a estrangeiros

Empresa que é um braço importante para o programa espacial brasileiro poderá ser internacionalizada, Alemães e Árabes disputam pela empresa

Empresa que é um braço importante para o programa espacial brasileiro poderá ser internacionalizada, Alemães e Árabes disputam pela empresa

A possibilidade de venda da brasileira Avibras para empresas dos Emirados Árabes e da Alemanha, conforme noticiado pela imprensa, representa grave ameaça à soberania nacional e ao conhecimento acumulado ao longo de décadas. A Avibras é a principal fabricante de material bélico pesado do país e emprega profissionais que têm participação em programas estratégicos das Forças Armadas. Colocá-la à venda, portanto, representa abrir mão de tecnologia, conhecimento e autonomia.

As negociações foram noticiadas pela revista Veja (coluna Radar, 20/3) e pelo site Relatório Reservado (17/3). Segundo a revista, fontes do Ministério da Defesa teriam revelado que a empresa Edge Group, dos Emirados Árabes, já estaria negociando a compra da Avibras. O alvo, ainda segundo a revista, seria o sistema de lançamento de foguetes Astros e o Míssil Tático de Cruzeiro. 

A alemã Rheinmetall também estaria na disputa pela compra, de acordo com o Relatório Reservado, e o governo brasileiro “estaria acompanhando de perto os acontecimentos”. A empresa alemã é do setor de armamentos, com presença em mais de 33 países.

Vale ressaltar que a Avibrás é responsável pela produção dos foguetes VSB-30 FTB e FTI, além da manufatura dos motores S-50 do VLM/VS50

As informações ligaram o alerta do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, representante dos trabalhadores. Uma nota técnica assinada pelo Ilaese (Instituto Latinoamericano de Estudos Socioeconômicos), encomendada pelo Sindicato, aponta para os impactos negativos de uma eventual venda da Avibras. 

“Para o Brasil, as consequências são desastrosas. Trata-se de perder uma das poucas empresas de elevada tecnologia sediadas no país. O que é pior, em um setor estratégico para a soberania nacional, sobretudo em uma situação de escalada dos conflitos com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Mas não somente isso. A situação é também desastrosa para os trabalhadores da Avibras”, diz trecho da nota. 

Ainda não se fala em valores de venda, mas seja qual for o montante, os únicos beneficiários serão a empresa compradora e o acionista majoritário da Avibras, João Brasil Carvalho Leite. Nenhuma das partes está interessada na preservação de empregos e da soberania nacional. 

A empresa compradora levaria para o seu país de origem a tecnologia para produção de mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados. Já o Brasil, se quiser manter seu programa de Defesa, será obrigado a buscar ferramentas e equipamentos no exterior. 

A Alemanha possui um acordo com o DCTA/IAE para desenvolvimento conjunto do VLM/VS50, porém atrasos no cronograma fazem com que a Alemanha queira desenvolver o veículo por contra própria

Mas o dono da Avibras já demonstrou que não tem qualquer preocupação com o futuro da fábrica e daqueles que a construíram. Ele é o mesmo que virou as costas para os cerca de 1.400 metalúrgicos de Jacareí. Eles estão há um ano na luta em defesa dos empregos. Em março de 2022, João Brasil demitiu 420 trabalhadores (corte cancelado posteriormente pela Justiça) e desde outubro não paga os salários. Se a venda for concretizada, o futuro desses empregos também estará comprometido. 

Por outro lado, o sindicato dos metalúrgicos que trabalham na Avibrás ofereceram uma proposta que necessita ser analisada, a Estatização total da empresa, uma vez deixado claro sua importância para o programa espacial brasileiro, a defesa, a ciencia, a tecnologia e a soberania nacional

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