EDITORIAL: Presidente quer competir com SpaceX mas mal paga para a AEB o suficiente para contratar um voo de Falcon 9
EDITORIAL: Com a recente contratação da Telebrás para o fornecimento de internet em detrimento da Starlink, ficou claro um grande problema, a capacidade da empresa estatal de fornecer esse serviço com qualidade.
Em reportagens anteriores, a REVISTA FOGUETES BRASILEIROS abordou o grave comprometimento do orçamento federal destinado a atividades espaciais no Brasil, para efeito de comparação, hoje o Brasil não conseguiria lançar um novo SGDC (Satélite usado pela Telebrás para fornecer internet), o satélite custou R$1,3 Bilhão de reais e foi comprado da França lançado pelo foguete Ariane 5 em 2017.
O orçamento federal destinado a agencia espacial brasileira é de R$ 135 milhões de reais, somente um lançamento da SpaceX custa de 60 a 120 milhões de dólares, a depender da missões, para concorrer dessa forma o Brasil precisaria mudar sua politica espacial completamente.
Hoje o PNAE, (Programa Nacional de Atividades Espaciais) prevê o lançamento de um SGDC-2, esse construído 100% no Brasil, mas ele só poderia existir caso o governo destine R$13 Bilhões de reais durante 10 anos, isso para ter um programa espacial minimamente decente, coisa que não temos
Não podemos esquecer que o acidente de Alcântara, que aconteceu em 2003, teve um de seus causadores a falta de orçamento que o programa tinha na época, isso levou a morte de 21 técnicos que trabalhavam na construção do único foguete brasileiro que chegou perto de ser um lançador de satélites.
Hoje a tecnologia espacial brasileira vive de tirar leite de pedra, cientistas e técnicos lutam por um programa que nem o governo (NENHUM GOVERNO) e nem a população jamais se importou de verdade
Em 2021 foi lançado o Amazônia-1, para monitoramento da amazônia, precisou de mais de 10 anos de desenvolvimento para que ele chegasse ao espaço, e não foi por culpa do projeto, ele poderia ter sido construído em poucos meses se tivesse o orçamento necessário, ele demorou todos esses anos para conseguir usar o pouco de cada centavo que gotejava anualmente no orçamento do INPE, hoje o amazônia-1b está sendo construído no INPE, e será lançado por volta de 2026, e só será lançado rápido por estar sendo construído basicamente de restos da construção do amazonia-1 original, as chamadas, peças sobressalentes. Esse sofrimento todo para um programa já estabelecido, que é o programa de monitoramento da amazônia feito pelo INPE.
Hoje a Telebrás possui 1 satélite de telecomunicações, o SGDC-1, que é metade civil e metade militar, ele foi concebido após a descoberta de espionagem por parte dos norte-americanos às telecomunicações sigilosas do governo federal durante o governo Dilma, sua metade civil foi uma manobra burocrática para que os militares pudessem usar do orçamento do Ministério de Telecomunicações somado ao orçamente da Agencia Espacial Brasileira mais o orçamento da Força Aérea Brasileira para assim conseguir comprar o satélite bilionário, sua parte civil nunca foi utilizada em sua totalidade, passando por problemas no fornecimento de antenas para usar da internet do satélite para problemas em se ter antenas para falar com o satélite em si. Sua parte militar ja é usada em totalidade e se provou segura com o tempo, sendo essa a sua “verdadeira” função. Agora se a Telebrás conseguir utilizar do satélite para dar internet aos moradores da amazônia, principalmente a escolas, como o programa que utilizaria a Starlink dizia ser, será uma internet limitada e com alta latência (características comuns de satélites geoestacionários). além de depender exclusivamente de um único satélite, que pode dar seus defeitos e tem limite de quantos aparelhos pode conectar simultaneamente.
Se o governo federal realmente quer uma INTERNETBRÁS como está sendo noticiado, ele deve primeiro dar a Agencia Espacial Brasileira e a Telebrás a capacidade de fornecer esse serviço, e se o governo realmente quer competir com a SpaceX, não vai ser com um orçamento equivalente ao de uma fabrica de travesseiros que ele vai conseguir isso
Programas espaciais são caros mais dão retornos incalculáveis, mas a forma que o Estado Brasileiro foi constituído impede que qualquer um olhe além das soluções rápidas
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